Guarda-chuva do avesso

Eu entendo como é se sentir do avesso. Como é ver o sol ao acordar, mas no íntimo, sentir-se na noite; como é levantar da cama num dia de trinta graus e sentir um frio por dentro; como é abrir as cortinas e notar o céu sem nuvens, contudo escutar as trovoadas de uma tempestade em seu coração. Vim dizer-lhe que passar a vida assim, num dilúvio longo na penumbra, onde o guarda-chuva faz chover sobre aquele que o segura, não deve ser para sempre. Comigo não foi. Você precisa ter coragem de largar essa sombrinha – que já a fez sofrer o suficiente – e dar os primeiros passos, saindo desse ambiente sombrio. Ficar se castigando pelas coisas que já passaram é inútil, afinal, elas já passaram. Às vezes pensamos que merecemos estar onde estamos, merecemos viver nesse pequeno país frio, sombrio e chuvoso… e, se formos ver, é verdade: nós viajamos para essa terra por conta própria. Por outro lado, há um lugar maior que qualquer país, um Reino onde, mesmo sem merecermos, temos permissão de entrar. Serás transportado tão rápido que, num segundo, verás o sol nascer dentro de ti, se segurar a mão do Filho do Rei dessa Nova Terra. Solte o guarda-chuva.

Por @alan_kdsg

23 DE JULHO DE 2018

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